REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 5 (2021)

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RESENHA DO LIVRO LARANJA MECÂNICA

Regina Célia Pinheiro, Yago Felipe Silva

Resumo


BURGESS, Anthony. Laranja Mecânica, 2ª ed. Editora Aleph, 2014.

Anthony Burgess foi um escritor, dramaturgo, compositor e tradutor, nascido em 1917 na cidade de Manchester, Inglaterra. Formou-se em literatura inglesa pela Universi- dade de Manchester. Aos 45 anos o autor fora diagnosticado com um tipo de tumor cere- bral em estágio terminal, quando decidiu escrever o livro Laranja Mecânica. A obra foi es- crita sem um intuito específico e às pressas, apenas com a finalidade de ser deixada co- mo uma fonte de renda para a esposa do autor após seu falecimento.

O livro possui um prefácio, nota sobre a tradução brasileira, feita por Fábio Fernan- des e o “glossário Nadsat”. A história é contada em 200 páginas, que são divididas em três partes de sete capítulos cada. O texto foi escrito pelo autor de forma estratégica para que possuísse 21 capítulos, representando a idade em que se alcança a maioridade em seu Estado natal, a Inglaterra, caracterizando, desta forma, a evolução de seu persona- gem principal até a vida adulta.

Laranja Mecânica é narrado em primeira pessoa pelo personagem e anti-herói, Alex. A história se passa em um ambiente distópico, onde uma gangue de adolescentes, composta por Alex e seus amigos, saem pelas ruas para usar drogas sintéticas e cometer uma série de violências, que vão de agressões verbais até mesmo estupro e assassinato. Os personagens possuem uma linguagem própria, denominada pelo autor de “Nadsat”, uma gíria onde mesclam palavras russas e inglesas.

Alex é preso e condenado pelas autoridades à 14 anos de prisão após cometer um delito juntamente com sua gangue. Durante o cumprimento de sua sentença, Alex é sub- metido à um tipo de experimento científico, o chamado “método ludovico”, para ser reinte- grado à sociedade. O método, basicamente, submetia a cobaia à assistir cenas de extre- ma violência sob o efeito de drogas, mesmo contra sua vontade, utilizando imobilização e até grampo nos olhos para mantê-los abertos. O método ludovico tinha o intuito de causar na vítima aversão às coisas assistidas.

Após essa lavagem cerebral, Alex é solto e considerado pelo governo uma pessoa apta à conviver em sociedade. O personagem tem sua liberdade de escolha completa- mente extinguida, o que é evidenciado quando este sente repulsa em ao menos cogitar a possibilidade de cometer quaisquer ato que seja julgado errado pelo Estado. Alex, agora adulto, é submetido à conviver nos moldes da sociedade, de forma mecânica, como todo cidadão deveria ser, segundo o governo.

Laranja Mecânica é uma obra futurística que vale a pena ser lida, principalmente pelos jovens, pois, embora tenha sido publicada em 1962, o tema nunca foi tão atual. Al-


guns veem a história como apologia à violência, porém esta fala muito mais da imposição de regras, convenientes para o Estado, em cima das pessoas. O livro levanta a grande questão:

Até onde a liberdade e dignidade humana devem ser colocadas a prova em prol de um “bem maior”, imposto pelo governo?

De maneira geral o Estado não deveria passar por cima da liberdade individual do ser humano à qualquer custo, existem diferentes formas de se construir uma sociedade mais humana e onde todos possam ter um bom convívio, sem recorrer-se à opressão e imposição, um exemplo é o acesso à educação por todos os indivíduos.




ISSN 2179-1589

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