REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 5 (2021)

Tamanho da fonte:  Menor  Médio  Maior

Noções sobre parâmetros farmacocinéticos/farmacodinâmicos e sua utilização na prática médica

Regina Célia Pinheiro, Fagner José de Castro

Resumo


 

Frederico, M.P; Sakata, R.M.P; Pinto, P.F.C; Furtado, G.H.C. Noções sobre parâmetros farmacocinéticos/farmacodinâmicos e sua utilização na prática médica. Rev Soc Bras Clin Med. 2017.

 

Conforme artigo publicado por Federico et al (2017), a principal causa de resistência bacteriana é o consumo excessivo de antimicrobianos, que aumenta a pressão seletiva em benefício dos microrganismos farmacorresistentes, sendo importante o conhecimento do uso adequado destes fármacos para uma terapia bem sucedida de acordo com uma dose adequada para combater a infecção e inibir o crescimento bacteriano.

 

Para uma antibioticoterapia adequada é importante considerar os parâmetros ou índices farmacocinéticos e farmacodinâmicos (PK/PD), que representam a relação entre a exposição aos antibióticos e o alcance dos efeitos terapêuticos, ou seja, a relação dose- concentração-resposta dos fármacos.

 

A farmacocinética é o estudo quantitativo do desenvolvimento temporal dos processos de absorção, distribuição, metabolização ou biotransformação e excreção dos fármacos. Os parâmetros farmacocinéticos de maior relevância são: o pico plasmático, que representa a concentração máxima (Cmax); a meia-vida (t1/2), que é o tempo que uma droga leva para reduzir sua concentração plasmática à metade, independe da dose administrada; e a área sob curva (AUC, do inglês area under the curve), que representa a medida fiel da quantidade da droga que penetra no sangue.

 

Além dos pontos citados acima, também é importante ter informações sobre a ligação proteica, o volume de distribuição (Vd) e o clearance dos antimicrobianos, pois as condições fisiopatológicas dos pacientes graves podem alterar esses parâmetros farmacocinéticos e comprometer o desfecho clínico.

 

A farmacodinâmica que estuda a dose-resposta, apresenta a relação entre o perfil farmacocinético do antimicrobiano e a suscetibilidade in vitro do patógeno, sendo que a curva concentração-tempo é determinada em função da concentração inibitória mínima (CIM), que é a concentração do antimicrobiano capaz de inibir ou eliminar a bactéria. Para que um antimicrobiano exerça sua atividade terapêutica, é necessário que, quando atingir


o sítio de ligação, esteja em uma concentração acima da CIM, suficiente para eliminar o microrganismo.

 

Em relação aos índices de PK/PD, estes devem ser utilizados com o objetivo de otimizar a atuação do antimicrobiano e reduzir rapidamente a carga bacteriana, com consequente redução da exposição ao antimicrobiano e do risco da ocorrência de resistência. É importante ressaltar que cada grupo farmacológico de antimicrobiano possui um mecanismo de ação peculiar, e os parâmetros farmacodinâmicos ótimos dessas drogas devem ser apreciados com a finalidade de se obter a melhor eficácia terapêutica.

 

Uma das maneiras de mensurar estes parâmetros, é utilizar modelos matemáticos que irão auxiliar nas abordagens terapêuticas, bem como auxiliar nas tomadas de decisões. Dentro destes modelos podemos citar o método de Monte Carlos que utiliza as plataformas de simulação, expande o tamanho da amostra de um estudo e fornece previsões dos resultados prováveis para o desfecho do tratamento ou, mais precisamente, o alvo terapêutico, considerando situações diversas, como alterações de dose ou frequência da droga. Utilizar essa ferramenta é uma opção que se tem para escolher com maior fundamentação a droga mais indicada e como esta deve ser administrada, de modo que a terapia antimicrobiana seja otimizada.

 

Apesar dos índices farmacocinéticos e farmacodinâmicos serem apontados como estrategia de racionalização de antimicrobianos e consequentemente fornecer redução da resistência bacteriana vale a pena destacar que, as particularidades dos pacientes podem alterar a farmacocinética das drogas, interferindo também na relação farmacocinético/farmacodinâmico, é recomendável que as informações sobre os medicamentos sejam utilizadas no cotidiano da prática médica à beira do leito, possibilitando, desse modo, que seja feita uma terapia antimicrobiana individualizada, gerando melhores desfechos clínicos.

 




ISSN 2179-1589

PUBLICAÇÕES UNIVERSO