REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 2 (2017)

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PAULO FREIRE Y LA EDUCACIÓN LIBERADORA

Bruno Cesar Fonseca

Resumo


1 BIOGRAFIA CONTEXTUALIZADA HISTORICAMENTE QUE EXPLICA A TEORIA PEDAGÓGICA DESENVOLVIDA POR FREIRE

            Fernández (2001) leciona que qualquer ensaio sobre Paulo Freire deve levar em consideração sua história, tendo em vista que seu pensamento político-educativo está arraigado à sua vida de pernambucano nascido em 1921, em uma família de pai espírita e mãe católica, num ambiente caloroso e amoroso, iniciou o primário em uma escola privada, pois sua família era de classe média e com a crise da bolsa de 1929, sofrera seus efeitos, vindo a relatar mais tarde que passara fome, chorava e tirava más notas. Freire ficara órfão aos 13 anos, mudando-se e interrompendo seus estudos por alguns anos, voltando a estudar aos dezesseis anos, ao terminar o secundário entrou para a faculdade de direito, pois era o único curso na área de ciências humanas.

            Casou-se em 1944, com Elza Oliveira, uma professora de primário, tomado por um desejo de ser pai, teve com ela cinco filhos, vindo a surgir seu interesse pela pedagogia. Trabalhava no Departamento de Educação e Cultura do SESI, onde teve o primeiro contato com o ensino de adultos, trabalhara, ainda, na ação católica juntamente com Elza, demonstrando seu espírito cristão de humanizar o capitalismo.

            No SESI de 1947-1957 despertou sua consciência para o problema do analfabetismo do povo. Em 1959 apresentou sua tese de doutorado sob o título Educação e atualidade brasileira, que o fez conhecido no Brasil e no mundo. Fundou o Movimento de Cultura Popular do Recife realizando os primeiros ensaios de seu método. No início dos anos sessenta, com o golpe militar foi exilado para a Bolívia e depois mudou-se para o Chile com  a ajuda de amigos, país que possuía uma política democrata-cristã, em consonância com as crenças de Freire. Foi contratado pelo governo para desenvolver trabalho de alfabetização dos campesinos e devido a críticas sistematizou sua teoria cientificamente. Posteriormente, foi para os Estados Unidos, quando lançou seus mais famosos livros, A Educação como prática da liberdade(1969) e A pedagogia do oprimido(1970), transferindo-se para Genebra no Conselho Mundial das Igrejas, onde empreendeu trabalho de alfabetização na Guiné-Bissau, que fracassou por diversos motivos, mas que ajudou a maturar sua teoria. De Genebra Freire projetou-se ao mundo, voltando ao Brasil em 1979, assumindo a cadeira na UCSP, em 1989 foi nomeado para Secretário da Educação da Prefeitura de São Paulo, por um governo de um partido do qual foi um dos fundadores, renunciando em 1991, entregando-se a atividade acadêmica, vindo a falecer em 1997 quando se preparava para ir a Cuba.

            Toda essa experiência fez nascer um político-pedagogo ou um pedagogo-político, eclético, paradoxal, brilhante, que marcou fundamental importância na pedagogia do séc. XX.

2 A CONSTRUCÃO TEÓRICA DE FREIRE

 

2.1 As primeiras idéias-força e o nascimento do método

A base teórica freireana, conforme leciona Fernández (2001), fundamenta-se:

  • Em acreditar que a educação dos adultos tem que fundamentar-se na consciência do cotidiano, superando o mero conhecer letras, palavras e frase;
  • Os processos educativos e politicos hão de ser horizontais, isto é, os professores e políticos hão de aprender com seus alunos ou de suas bases, ao mesmo tempo que lhes ensinam e orientam;
  • A educação de adultos não deve ser um mero instrumento para alcançar um nível acadêmico determinado, mas sim um estímulo para a ascendência sócio-política do povo e uma ferramenta para participar da vida pública.
  • Alguns dos conteúdos do ensino são contribuições dos próprios alunos.

2.2 O escorço do método de alfabetização de adultos:

  • A investigação temática: os educadores devem escutar o que os educandos dizem, tomando nota dos temas em conversação, resumindo a consciência coletiva;
  • A codificação: em equipe elabora-se uma lista de palavras significativas que configuram o universo temático vocabular dos educandos, os educadores devem ter em mente uma intencionalidade política, transformadora da realidade e por isso poderiam acrescer temas com o propósito de abrir a porta para o processo de tomada de consciência de sua realidade, ulteriormente distribui-se em um suporte visual qualquer as palavras significativas com os quadros de famílias silábicas derivadas de cada palavra;
  • Os círculos de cultura e problematização: os educadores dialogavam com os educandos, mostrando o quadro ou qualquer representação gráfica vazia e incitavam os educandos a dizer o que viam, com isso incitava a refletirem sobre seu meio e suas relações com outras pessoas, até que alguém interroga-se quando começariam a ler, daí iniciava-se outro processo com a mesma metodologia apenas com a palavraescrita em letras minúsculas, a qual era espontaneamente identificada por um ou mais do grupo;
  • Alfabetização em sentido estrito: Procedia-se a separação da palavra em sílabas, ti-jo-lo, por exemplo, e começava-se o jogo de formação das palavras novas a partir das sílabas da primeira, chamada de palavra geradora.

2.3 Uma troca de rumos: do educador político ao político educador

A Educação como prática da liberdade(1969) e  A pedagogia do oprimido(1970), foram as obras de Freire mais divulgadas no mundo, mas Fernández (2001) critica outros autores que dizem serem obras revolucionárias do pensamento freireano, uma vez que não há evidências  que a curiosidade intelectual de Freire havia sido redelineada ou enriquecida do seu método inicial, mas marca um caminho lógico da educação transformadora.

3 AS IDÉIAS PRINCIPAIS DE FREIRE

  • Noção de Homem=ser inacabado, capaz de se transformar e tranformar a sociedade;
  • Sociedade= Cheia de valores e idéias que impedem o homem de ser e se desenvolver como pessoa, bem como a maioria do povos e das pessoas.
  • Educador=Aquele que ensina e aprende, não é mero facilitador da aprendizagem, deve desenvolver o diálogo.
  • Educação= A educação problematizadora responde à essência do ser e da consciência, que é a intencionalidade
  • Papel do aluno= o aluno é um ser autônomo, capaz de transformar o mundo.

3.1 As dicotomias

            Influenciado pelo hegelianismo, comumente descrevia dicotomias, como por exemplo:

  • Educação e política - Combatia o fatalismo das teorias da reprodução, formação de homem crítico
  • Teoria e prática - o conhecimento é produto de uma prática histórica concreta;
  • Opresores- oprimidos - ou se é opresor ou se é oprimido, ou comparsa de um dos dois.
  • Transformação-adaptação - Ou se tem uma política ou educação transformadora, revolucionária, ou adpata-se à existente.
  • Educação bancária-educação dialógica e teoria de aprendizagem - dialética entre a realidade social x teoria x prática.         

4 CRÍTICA À TEORIA FREIREANA

Tanto o educador, quanto o educando, quanto a direção da instituição de ensino que optem pela aplicação do método freireano correm o risco de cometer excessos de engajamento político ativista, descaracterizando a proposta educacional tanto no ensino quanto nos resultados grupais e individuais dos estudantes, por substituir a construção do indivíduo crítico que deixa de ser passivo receptor das imposições verticais massificadoras do capitalismo e reflexivamente constroi nova cultura e história dentro de uma consciência nacional, por um indivíduo ou grupo convertido em veículo de articulações de esquerdas internacionais outras, como se verifica no Brasil nos últimos anos.

 




ISSN 2179-1589

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