REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 2 (2017)

Tamanho da fonte:  Menor  Médio  Maior

RUGBY FEMININO: VENCENDO O PRECONCEITO ATRAVÉS DOS RESULTADOS

AÍDA LINHARES BARBOZA, PAOLA Gonçalves de Almeida QUINTÃO, RENATA CRISTINA FELIPE ANJOS

Resumo


[3]

 

Inúmeras mulheres, sem perder a feminilidade, conquistam cargos e posições altamente qualificadas e que anteriormente eram consideradas apenas como masculinos. Esse estereótipo referente a questões de gênero acompanham a humanidade desde sua gênese, mas é coerente ressaltar que, atualmente, uma nova percepção tem modificado o pensamento em relação à divisão de papéis entre os gêneros (DEL PRIORE, 2009).

           

            Para Simões (2003) é exatamente o que ocorre no campo esportivo, onde vários esportes tidos como originalmente masculinos têm destaque cada vez maior da presença feminina. Ainda segundo o autor, a inclusão das mulheres no esporte deve ser vista sob o ponto de vista mais realista, apesar de estarmos no século XXI, ainda é possível notar como continuam valorizados na sociedade os aspectos relacionados às mulheres como à maternidade, rainha do lar, à beleza e à fragilidade.

 

            O objetivo desse estudo é discutir sobre o preconceito de gênero no esporte Rugby, o que será um passo importante para o reconhecimento de quem são as mulheres que praticam este esporte no Brasil, como também mostrar como conseguem driblar o preconceito alcançando um desempenho mundial superior ao masculino, desmistificando assim que o Rugby seja simplesmente um esporte violento praticado por homens.

 

Dentre os esportes originalmente masculinos, o Rugby desponta como um dos mais tradicionais e praticados. É considerado uma modalidade masculina, assim como futebol foi por muitos anos, muito mais pelas questões culturalmente relacionadas às ideias de vulnerabilidade física feminina, e da grandeza, força física e destreza do homem. O esporte possui uma dinâmica de jogo bastante diferente, e um fato curioso e que pode ajudar na compreensão da história do Rugby, é que, este nasceu junto com o futebol a partir de práticas de jogos de bola medievais que evoluíram com o tempo (CBR,2004).

 

A partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, abre-se o debate em relação às questões de segregação relacionadas a gênero, cor, credo, religião e ideologias. Esse processo permitiu o surgimento de uma nova consciência feminina tanto no campo das manifestações culturais, sociais, ideológicas, econômicas e políticas como no campo dos diferentes tipos de esportes, individuais e coletivos, buscando forma de representação no papel da mulher na sociedade (SIMÕES, 2003).

 

Segundo Goelliner (2005), a aparição das mulheres no campo esportivo se deu em meados do século XIX, já que até então lhes era negado este direito por julgarem que por obrigação elas deveriam ser apenas esposas e mães, devendo ir às competições esportivas apenas para prestigiar os homens e embelezar os estádios. Somente no século XX a participação das mulheres foi ampliada e se destacou com o esporte moderno.

 

O inicio do Rugby feminino no Brasil é datado em 1997 em Florianópolis (SC), com a formação de duas equipes femininas: o Barra Rugby Clube e o Desterro Rugby Clube, que já possuíam categorias masculinas (CHAGAS, 2007). Em 2004,por meio de uma seletiva foi criada a primeira Seleção Brasileira Feminina de Sevens, a criação desta seleção visava à participação no primeiro Campeonato Sul-Americano da categoria, realizado em Barquisimeto, na Venezuela. A equipe Brasileira surpreendeu a todos na competição, venceu o país sede na final por 15 a 12, e sagrou-se a primeira campeã Sul-Americana de Rugby Seven-a-Side.

 

            A seleção feminina brasileira de Rugby, apesar dos preconceitos e estigmas enfrentados, já se sagrou Campeã Sul Americana por dez vezes e é considerada a melhor equipe da América Latina, à frente de países tradicionais como Uruguai, Chile e Argentina.

A presença feminina no Rugby sofre vários preconceitos, um deles e mais frequentes refere-se ao fato daqueles indivíduos que não conhecem esse esporte resultando em uma imagem negativa do Rugby, ou seja, de que é uma modalidade violenta e de que deva ser praticado apenas por homens. Incorrendo em um julgamento equivocado, formando-se uma opinião antes de se ter conhecimento necessário para avaliar a modalidade.

 

Outro ponto a ser abordado sobre o preconceito refere-se à participação e envolvimento da família da atleta do Rugby, que deveria acompanhar a vida conhecendo sobre suas características e seus valores. Cabe ressaltar a importância do profissional de Educação Física que pode informar mais sobre a modalidade e  repassar esse conhecimento de forma que não só a família das atletas, como a sociedade possa ter uma opinião diferente sobre a presença feminina no Rugby.

           

REFERÊNCIAS  

CHAGAS, V. das. Dez anos de Rugby feminino no Brasil: A realidade das jogadoras da seleção brasileira – campeã do III torneio sul-americano de rugby

 

Confederação  brasileira de Rugby. Disponível em: http://www.brasilrugby.com.br/ Acesso em: 11/2014.

 

DEL PRIORE, Mary. MELO, Victor Andrade de. História do esporte no Brasil: do império aos dias atuais. Editora Unesp, 2009.

 

GARCIA, H. El Rugby. Madrid: Publicacionesdel Comité OlimpicoEspanõl, 1964.

 

GOELLINER, S.V. Mulheres e futebol no Brasil, entre sombras e visibilidades. Revista Brasileira Educação Física Esporte, São Paulo, v. 19, n.2, 2005. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rbefe/article/download/16590/18303>. Acesso em: 02/2015.

 

SIMÕES, Antônio Carlos (org.). Mulher & Esporte: mitos e verdades. Editora Manole Ltda. São Paulo, 2003.


[1] Professora UNIVERSO/BH - Co-orientadora do trabalho de TCC

[2] Professora UNIVERSO/BH - Orientadora do trabalho de TCC

[3] Graduada do Bacharelado da UNIVERSO/BH 




ISSN 2179-1589

PUBLICAÇÕES UNIVERSO