REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 2 (2017)

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A Reabilitação Cardiovascular e a epidemiologia das Doenças Cardiovasculares

Monize Cristine de Oliveira Pires, Agnes Flórida Santos da Cunha, Gabriella Ferreira Vieira, Ana Clara Ribeiro Lages

Resumo


As DCV apresentam epidemiologia semelhante, neste início de século, às grandes endemias dos séculos passados. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) essas doenças foram responsáveis por 30% da mortalidade nas últimas décadas, índice similar ao da realidade brasileira. Dados mostram que as DCV são  responsáveis pelo aumento da incapacidade física e invalidez. Estima-se que a inaptidão física ajustada para anos de vida passará de 85 milhões para 150 milhões de indivíduos em todo o mundo até 2020, o que pode contribuir significativamente para a queda da produtividade global e para o aumento com as despesas com saúde. As DCV, em sua maioria, possuem uma relação próxima com o estilo de vida adotado ao longo dos anos. Os fatores de risco para o desenvolvimento das DCV se mantêm muito presentes na população mundial e também no Brasil. A obesidade segue uma crescente no país, o sedentarismo ainda prevalece na maior parte da população brasileira e o hábito de fumar ainda se faz muito presente, embora tenhamos avançado muito nos esforços para a cessação do tabagismo. Dentre outros fatores, também podemos citar o estresse, sintoma cada vez mais comum na vida moderna, resultante de cargas de trabalho extenuantes e de outras preocupações geralmente frequentes na vida adulta. O diabetes melito  e a Hipertensão Arterial Sistêmica também são fatores de risco comuns na população, principalmente em virtude do envelhecimento populacional. A boa notícia é que a OMS estima que ¾ da mortalidade cardiovascular possam ser reduzidas com mudanças adequadas dos hábitos de vida.

Os serviços de RCV têm papel prioritário na prevenção secundária da doença cardiovascular. Esses serviços compreendem programas que abrangem avaliação, prescrição de treinamento físico e acompanhamento por uma equipe multidisciplinar que atua também na modificação de fatores de risco cardíaco, educação e aconselhamento. A RCV tem o objetivo geral de limitar os efeitos fisiológicos e psicológicos da doença cardiovascular , além de ter papel importante no retorno do indivíduo que apresenta acometimento CV a uma vida ativa, produtiva,  independente e com qualidade.

As DCV apresentam uma carga crescente nas causas de morte e incapacidade, porém, apesar do reconhecimento dos benefícios da RCV para os pacientes com DCV, ainda é pequena a fração de pacientes encaminhados aos programas de reabilitação, algo que fica entre 5 e 30% dos pacientes elegíveis. As barreiras que justificariam esse baixo percentual de prescrição não estão claras, mas é importante destacar que os pacientes que aderem a um programa de RCV apresentam mudanças metabólicas, hemodinâmicas, miocárdicas, vasculares, psicológicas e alimentares que estão associadas à melhora da qualidade de vida, melhor controle dos fatores de risco e redução da reincidência de eventos cardíacos e mortalidade,  além disso, a RCV, quando bem executada por profissionais com formação na área, é reconhecidamente segura e custo-efetiva, podendo contribuir de forma concreta com a meta da OMS de reduzir a mortalidade cardiovascular no mundo em 25% até o ano 2025. 




ISSN 2179-1589

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