REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 2 (2017)

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A influência do posicionamento pélvico sobre as funções musculares do assoalho pélvico em mulheres com incontinência urinária.

Gabriella Ferreira Vieira, Monize Pires, Ana Clara Ribeiro Lages, Miria Santos Sobrinho

Resumo


Incontinência urinária (IU) é a queixa de qualquer perda involuntária de urina. É a disfunção do assoalho pélvico (DAP) de maior prevalência entre mulheres, atingindo entre 13,1% e 64,4% desta população e representa um importante problema de saúde pública, devido à alta prevalência, ao impacto negativo na qualidade de vida e aos altos custos econômicos e pessoais associados. O adequado fechamento uretral, tanto no repouso quanto em situações de aumento da pressão intra-abdominal, mecanismo necessário para prevenir as DAPs, depende de uma mucosa e submucosa uretral bem vascularizadas, um suporte de parede vaginal intacto, musculatura uretral lisa saudável e as funções musculares do assoalho pélvico (FMAP) preservadas. Estas são representadas pela capacidade de contração e relaxamento, tônus, coordenação, força e resistência musculares, respondem por 40% da pressão de fechamento uretral durante a fase de enchimento vesical e além de auxiliarem a função esfincteriana do assoalho pélvico (fechamento uretral e anal) são fundamentais para função de sustentação dos órgãos pélvicos. Portanto, deficiências nas FMAP podem favorecer o surgimento da IU e de outras DAP tais como disfunções retoanais e sexuais. Os MAPs têm estrutura e função similar a outros músculos esqueléticos, mas demonstram uma arquitetura peculiar: tem a área de secção transversa menor que os outros músculos pélvicos e uma fina camada de fibras musculares. Esta estrutura reduz a capacidade dos MAP de gerar força e consequentemente de suportar elevados índices de pressão intra-abdominal, sugerindo que um complexo mecanismo envolvendo outras estruturas devem contribuir para o suporte das estruturas pélvicas e fechamentos uretral e anal quando grandes esforços são realizados. Estudos demonstram que o posicionamento pélvico parece ter influência no funcionamento dos MAPs. A anteversão pélvica aumenta significativamente a retroflexão do vetor de força dos órgãos pélvicos, que deixa de incidir sobre o osso púbico e passa a incidir diretamente sobre os MAPs sobrecarregando continuamente os mesmos. Já outros estudos observaram aumento da atividade elétrica dos MAPs em mulheres continentes quando a pelve era retrovertida. Estes achados reforçam a hipótese de que mudanças na atividade elétrica dos MAPs representam uma resposta à sobrecarga imposta sobre ele, a qual parece variar, dentre outros fatores, de acordo com o posicionamento pélvico. E ao sabermos da relação entre atividade elétrica e força muscular, pode-se suspeitar que esta função também seja alterada conforme a postura da pelve, tornando os MAPs mais vulneráveis às DAP, principalmente a IU. Além da força, as outras FMAP também tem papel importante na prevenção de disfunções desta região, fazendo-se importante também investigar a influência da postura pélvica sobre as mesmas. Caso o posicionamento pélvico realmente influencie as FMAP, faz-se necessário identificar este fator durante a avaliação fisioterapêutica para que possíveis correções posturais sejam realizadas e consequentemente a reabilitação plena das funções musculares do AP possa ser atingida.




ISSN 2179-1589

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