REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 1 (2016)

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Distimia e suas possíveis interações com o Transtorno Depressivo

Philippe Gabriel da Mata Kahey, Carla Oliveira Cruz

Resumo


As síndromes depressivas têm elementos salientes no geral como humor triste e desanimo. Entretanto elas se caracterizam por uma multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à autovaloração, à vontade, à psicomotricidade, e em alguns casos mais graves estão presentes sintomas psicóticos, marcante alteração psicomotora e fenômenos biológicos associados. (DALGALARRONDO, 2008).Na distimia, a forma de depressão não episódica e está em prevalência a um período mínimo de dois anos e tem maior incidência em pacientes de 25 anos ou menos. Apesar dos sintomas mais brandos, a cronicidade e a ausência do reconhecimento da doença fazem com que o prejuízo à qualidade de vida dos pacientes seja considerado maior do que nos demais tipos de depressão como dito por Nadir (1977) citado por Spanemberg e Juruena (2004).  A despeito das diferenças entre os critérios do DSM-IV e da CID-10 para início precoce e tardio do transtorno distímico, e das controvérsias quanto à relevância desta distinção, essa classificação é aceita, porem, trabalhos têm demonstrado diferenças significativas entre os dois grupos. Distimia de início precoce possui, maiores taxas de comorbidade com depressão maior e transtorno de ansiedade e maior propensão para história familiar de transtornos afetivos. O transtorno depressivo maior (TDM) é a patologia psiquiátrica que mais frequentemente aparece associada à distimia. (AKISKAL 1995, citado por Spanemberg e Juruena 2004). A concomitância dessas duas patologias é chamada de “depressão dupla” (DD). Episódios estressantes de vida são importantes desencadeadores de DD em pacientes distímicos Pacientes com DD têm sintomas depressivos mais severos, curso mais crônico e mais comorbidades se comparados com pacientes apenas com TDM ou distimia. O nível de incapacitação funcional nesses pacientes é maior do que nos pacientes com as patologias isoladas, assim como a taxa de hospitalização e recorrência de TDM. Como demonstrado, estudos científicos mostram a alta taxa de incidência de algum TDM em distímicos, além disso, evidencia-se a falta de um diagnostico concreto, pois em estimativa metade dos casos passam pelos clínicos sem serem percebidos como de fato uma patologia (AKISKAL 1995).  Além disso, devido ao quadro continuo a distimia tem alta incidência de isolamento social, e possuem uma maior taxa de hospitalização em relação ao TDM. . A estimativa de risco para o primeiro episódio de TDM em pacientes distímicos em 5 anos foi de 76,9%. Os autores concluem que a distimia é uma condição crônica com um curso prolongado e com alta taxa de recaída. (SPANEMBERG; JURUENA 2004).Conclui-se que pacientes com transtorno distímico tendam a apresentar sintomas leves a moderados, em uma perspectiva longitudinal a condição é severa e com altos níveis de comorbidade, em especial com a TDM. A dificuldade de diagnostico, a demora por procurar ajuda, e de um tratamento especifico centrado nas necessidades acaba por arrastar o quadro por longos períodos trazendo pioras significativas na qualidade de vida dos indivíduos em constante sofrimento psíquico. Dada a sua importância, novos estudos, com metodologias criteriosas e amostras consideráveis, devem ser estimulados, para que possamos entender e tratar melhor esse transtorno.




ISSN 2179-1589

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