REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 1 (2016)

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Uma Reflexão Sobre O Uso Das Redes Sociais Nos Relacionamentos Amorosos

Rodnei Henrique Rodrigues Barcellos, Carla Oliveira Cruz, Caroline Hoffmann Britto

Resumo


Nos tempos de hoje, é cada vez mais comum a percepção das pessoas postando, acessando redes sociais, expondo cada momento de suas vidas, de seus dias, na internet, especificamente nas redes sociais, tal habito se disseminou de uma forma tão intensa e rápida, que hoje pode ser interpretado como um fenômeno mundial, dentre as gerações x,y,z, sendo as duas ultimas  mais sensíveis a esses estímulos, devido a convergência  entre sua inserção no mundo e a popularização da internet. Não é um segredo que o uso da internet impulsionou e trouxe inúmeros benefícios para as relações interpessoais, não é disso que esta resenha está tratando. O objetivo é fazer uma reflexão sobre como está sendo utilizado esse recurso tecnológico, e como o uso excessivo com o intuito de confirmar o seu valor, através do julgamento do outro está produzindo cada vez mais indivíduos deprimidos e dependentes do julgamento externo, implicando na perda de autenticidade e da própria valoração do eu. Uma pesquisa feita pela Albright College mostrou que as pessoas estão utilizando as redes sociais para afirmar que seus relacionamentos estão ótimos, mantendo o controle sobre as atividades de seus companheiros. Gwendolyn Seidman, Ph.D, juntamente com sua aluna Amanda Havens, pesquisaram casais do facebook que postavam fotos, detalhes e comentários afetuosos em suas time lines e na de seus companheiros. O estudo identificou uma definição de autoestima denominada de Self-Esteen Contingente (RCSE). Que é proporcional a qualidade de seus relacionamentos. Aqueles que possuíam uma quantidade maior desse tipo, eram mais propensos a mais registros nas redes, concomitante a isso, também eram mais atingidos quando algo de ruim acontecia em seus relacionamentos. A pesquisa foi feita através de questionários sobre comportamentos e motivações, foi utilizado também o Big Five, que identifica traços da personalidade do avaliado, tais como abertura, conscienciosidade, extroversão, afabilidade e neuroticismo. Os resultados foram apresentados na conferencia em Austin, Texas para sociedade de personalidade e psicologia social e para associação de ciências psicológicas que foi em São Francisco, CA. De acordo com os pesquisadores, sujeitos que apresentavam um nível de neuroticismo muito elevado eram mais propensos a influencia das redes sociais. Sediman disse que isso era esperado uma vez que os neuróticos tendem a terem mais medo de rejeição e são mais propensos a ansiedade em seus relacionamentos. Também foi evidenciado que os sujeitos que possuíam mais extroversão em sua personalidade, eram mais populares, tendo mais amigos e sendo mais usuários muito ativos, entretanto menos propensos a espionar seus parceiros e expor seus relacionamentos, os introvertidos ficaram na mesma posição que os neuróticos.Segundo Marcuse(1973, p.227). A sociedade tecnológica determina uma padronização do comportamento coletivo de tal forma que aqueles que se encontram dentro desse contexto de artificialismo nunca serão livres, e sim reféns de suas influencias, incapaz de fazer oposição a tal fato. Continuando, Marcuse(1973, p.227). diz que a satisfação em necessidades falsas promovem uma “mecânica do conformismo”. Para Marcuse a tecnologia, como marco principal, organiza e modifica as relações sociais. Isso transmite o desejo da classe dominante, tudo para que seja saciado os desejos sociais. Uma sociedade evoluída devido ao progresso tecnológico somente obterá êxito se agirem com prudência. “A crescente produtividade de mercadorias e serviços traz consigo atitudes e hábitos prescritos, que acabam mobilizando a sociedade em seu todo, com a promessa utópica do ócio, do entretenimento e lazer organizados”. (MARCUSE, 1982). Marcuse (1998, p.79). Relata que a forma de vida ditada por aqueles que detêm o poder sobre as grandes massas, impõe que somente será bem visto e considerado bem sucedido, se seguir tais determinações se abstendo de sua própria autencidade. Nazário (1998, p.84). Diz que para Marcuse a dominação funciona como um controle total das necessidades e desejos, mantendo o homem refém do trabalho e lazer, completando seu tempo livre com programações propositais construindo uma sociedade ávida por consumir objetos inúteis. Sob a perspectiva de Mahler e sua teoria das relações objetais, observa-se uma correspondência entre os comportamentos neuroticistas dos indivíduos com as redes sociais e seus receios, pois segundo tal teoria, nos estágios do desenvolvimento, mais especificamente na subfase III – Reaproximação (16 aos 24 meses).

Diz quê: esta terceira subfase é extremamente importante para o desenvolvimento sadio do ego da criança. Durante este período a criança torna-se cada vez mais ciente de sua separação da figura materna, enquanto o sentimento de destemor e onipotência diminui. Reconhecendo agora a mãe como um individuo separado, a criança deseja restabelecer a aproximação com ela, mas foge do englobamento total do estágio simbólico. A necessidade e de que a figura materna esteja disponível para proporcionar um “reabastecimento emocional” quando necessário. Sendo fundamental para esta subfase a resposta da figura materna à criança. Se ela está disponível para satisfazer as necessidades emocionais na medida do necessário, a criança desenvolve um sentimento de segurança por saber que é amada e não vai ser abandonada. Entretanto, se as necessidades emocionais forem atendidas de modo inconsistente ou se a mãe recompensar comportamentos de agarramento e dependência e suspender a amamentação quando a criança demonstra independência, desenvolvem-se sentimentos de raiva e um temor ao abandono, que frequentemente persistem até a idade adulta. Tal fato demonstra que os indivíduos que possuem essa insegurança no próprio relacionamento, como também uma idealização do relacionamento, aquilo que seria o ideal, e acabam não vivendo o real, apresentam uma fixação na fantasia provocando uma alienação para o real. Isso contribui para varias modificações no tecido social, uma vez que, a um aumento de índices de depressão nos que se encontram inseridos nesse contexto, há uma prevalência de indivíduos desprovidos de mecanismos para lidar com a realidade, amputando a capacidade de enfrentamento diante das contingencias impostas pela vida, levando tais sujeitos a se esquivarem e se recolherem a suas fantasias criadas no mundo virtual. 




ISSN 2179-1589

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