REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 1 (2016)

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Psicodinâmica do adolescente envolvido com drogas

Fernanda Renhe Borlido de Siqueira, Carla Oliveira Cruz

Resumo


Esta resenha aborda a importância da psicoterapia no tratamento de adolescentes com dependência química, uma temática relevante na atualidade. O uso de substâncias psicoativas tem crescido progressivamente na contemporaneidade, afetando cada dia mais pessoas, tornando-se um grave problema social e de saúde pública em nossa realidade, configurando-se nas últimas décadas desse século como um fenômeno de massa. Sabe-se que a dependência química não se trata de um fenômeno da atualidade, o consumo de drogas sempre existiu, na historia humana, sendo tratado diferentemente em cada época. Segundo Martins & Corrêa, (2004). "homem sempre buscou, através dos tempos, maneiras de aumentar o seu prazer e diminuir o seu sofrimento." As conseqüências que o uso das substâncias psicoativas vem causando nos adolescentes são gravíssimas, o número de suicídios, prisões, perca de identidade, dentre outros. Ribas (2009) entende o desenvolvimento de uma toxicomania como um movimento defensivo, a fim de sanar os sintomas depressivos das frustrações e as ansiedades decorrentes do “não”. Assim, o mesmo autor afirma que todas as toxicomanias são atitudes defensivas do ego contra a manifestação de sintomas depressivos. Isto é confirmado por Gebsattel (1948) citado por Ribas(2009) ao referir-se a este “vazio” ocupado pela droga de “desespero”. Está claro que os autores concordam que o uso de substâncias psicoativas na adolescência é na maioria das vezes decorrentes de um confronto interno nessa fase, onde os jovens experimentam mudanças tanto fisiológicas, quanto psicológicas, gerando grandes ansiedades. A psicanálise foi indicada para o tratamento de adictos, mas isoladamente seus resultados não foram satisfatórios, devido à falta de controle dos sintomas, relacionados ao uso de drogas e pelo foco mais dirigido aos aspectos psicodinâmicos, em detrimento dos aspectos biológicos e sociais. Devido às muitas razões relacionadas à compreensão do paciente e o vínculo estabelecido entre paciente e terapeuta, a perspectiva psicodinâmica torna-se uma ferramenta muito útil na conceitualização dos idictos, ajudando na formulação das estratégias comportamentais efetivas e na qualidade da recuperação desses pacientes. Não podemos deixar de evidenciar a grande importância da prevenção e promoção em relação à dependência química na saúde. Já tivemos grandes avanços nesse âmbito à implantação de novos tratamentos como: o tratamento médico, o comportamental, o psicoterápico, o psiquiátrico ou o da ajuda mútua. Esses tipos de tratamentos implicam em intervenções terapêuticas específicas, a saber: desintoxicação (considerado apenas o primeiro passo), farmacoterapia, psicoterapias (individual, em grupo e com os familiares), terapias (ocupacional e cognitivo-comportamental), além dos grupos de ajuda mútua(MACIEIRA,2000). Sabe-se que ainda existe um longo caminho a ser percorrido, nesse processo de melhoria da saúde em relação ao tratamento de dependentes químicos. Conclui-se que psicologia colabora de forma significativa nesse processo de tratamento de diferentes formas ela tem sido essencial tanto no âmbito preventivo, como já no adoecimento de tais pessoas. A psicologia visa um tratamento geral englobando o paciente e seus familiares. Colocando em evidencia que o tratamento do adicto não segue um modelo padrão, o processo terapêutico é individual, respeitando a particularidade do contexto social e a subjetividade humana.




ISSN 2179-1589

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