REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 1 (2016)

Tamanho da fonte:  Menor  Médio  Maior

Pulsão Sexual e a Diversidade da Sexualidade Humana

Yve Thomé, Carla Oliveira Cruz

Resumo


Este resumo aborda a definição de pulsão sexual proposta por Freud em Três Ensaios e como a concepção psicanalítica compreende a sexualidade humana sob dois aspectos: O desejo e a identificação, estes conceitos que se sincronizam, ou seja, aquele ou aquela que almejo parecer ou aquele ou aquela ao qual desejo possuir, pela “pulsão sexual”, portanto “Chamemos de objeto sexual a pessoa de quem provém à atração sexual, e de alvo sexual a ação para a qual a pulsão impele”. (p. 128) Freud através do conceito de pulsão demonstra como a sexualidade humana possui um caráter de plasticidade, uma vez que a psicanálise considera a independência da escolha objetal em relação ao sexo do objeto, pois existe a liberdade da transição deste objeto no decorrer da vida, podendo ser igualmente um objeto masculino ou feminino, portanto, o interesse sexual exclusivo do homem pela mulher exige também um esclarecimento para a psicanálise, e não uma evidência indiscutível que se possa atribuir a uma atração puramente biológica, ou seja, heterossexualidade ou homossexualidade (inversão) são tipos de sexualidades humanas que não deixam de ser construídas, seja através de experiências, culturas ou escolhas inconscientes que nos direcionam ao objeto de desejo que é formado a partir de nossas fantasias. O presente artigo através da análise teórica dos Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905), da Carta de Freud para a mãe de um homossexual (1935) e Instintos e suas Vicissitudes, Freud (1915), também almeja a desvinculação da homossexualidade enquanto perversão, abrindo espaço para novas compreensões da diversidade sexual e de gênero na prática clínica e terapêutica, pois na psicologia, fala-se de identidade de gênero e de papel de gênero para designar o modo que o sujeito vive o gênero ao qual se sente pertencer, e como o mesmo responde aos ideais social e historicamente construídos e atribuídos ao gênero em questão. Freud deixa claro que a homo-afetividade não é uma patologia, mas apenas uma fantasia, um direcionamento da escolha do objeto de desejo, a perversão que se caracteriza anomalia encontra-se ligada ao tratamento dado à pulsão sexual, ou seja, a importância encontra-se na pulsão sexual e não no valor do objeto, portanto é ilusório categorizar o que é “normal” ao se tratar de pulsão, o foco é na dinâmica que reside nas diferentes orientações sexuais, pois a heterossexualidade ou a homossexualidade são posições libidinais do sujeito no decorrer de seu trajeto pulsional.  "Os diferentes trajetos por onde passa a libido relacionam-se mutuamente, desde o início, como vasos comunicantes" (p.143). Portanto, o estudo em questão tem como finalidade demonstrar e enfatizar que a homossexualidade enquanto subversão inerente à sexualidade humana não se subordina a nenhum ideal, por isso não há diferença sexual no inconsciente, a pulsão sexual não se atrela ao gênero do objeto de desejo, neste caso seria mais uma questão de significante, por isso se esta diferença sexual existe, cada sujeito construíra uma sexualidade Homossexual, Heterossexual ou Bissexual absolutamente legítima, não cabendo a ninguém autorizar a sexualidade do outro. 

 




ISSN 2179-1589

PUBLICAÇÕES UNIVERSO