REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 1 (2016)

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O PODER DO HÁBITO.

Uirá Endy Ribeiro, Carla Oliveira Cruz

Resumo


 

 

Quando os pesquisadores do MIT começaram a trabalhar nos hábitos em 1990, ficaram curiosos sobre um nó de tecido cerebral conhecido como gânglios basais. O cérebro é como uma cebola, composto por camadas sobrepostas de células. As camadas mais perto do couro cabeludo foram acrescidas mais recentemente do ponto de vista evolutivo. Quando você ri de uma piada ou tem uma idéia nova são essas áreas que são ativadas. Perto da coluna cerebral, ficam as estruturas mais antigas e primitivas que controlam os comportamentos automáticos como respirar engolir, responder a sustos. Esses gânglios nasais foram identificados como responsáveis pelos hábitos. O cérebro tem esta estrutura para preservar energia e concentrar em outras coisas que realmente importam. Sem os hábitos, nosso cérebro entraria em pane, sobrecarregado com as miudezas da vida cotidiana. Mas preservar esforço mental é uma questão complicada, pois se o cérebro desliga no momento errado, podemos deixar de notar algo importante, um predador, um carro, um assaltante, ou algo que possa nos colocar em perigo. Por isso os gânglios basais só permitem que os hábitos assumam o controle quando um bloco de comportamento começa ou termina. Para lidar com incerteza o cérebro despende muito esforço no começo de um bloco de comportamento para achar uma deixa, um padrão que ele já conheça, que forneça uma pista de qual hábito usar. Esse processo dentro do cérebro é um loop de 3 estágios. Há uma deixa (um estímulo que manda entrar no modo automático), depois há uma rotina que pode ser física, mental ou emocional, e finalmente uma recompensa, que ajuda o cérebro a saber se vale a pena memorizar esse loop para o futuro. Ao longo do tempo, deixa, rotina e recompensa se tornam mais automático. Os hábitos não são inevitáveis. Podem ser ignorados, alterados ou substituídos. E você só pode fazer isso se aprender a estrutura do hábito, dividi-lo em componentes, e então brincar com as engrenagens. Por isso é tão difícil fazer exercícios. Ou mudar a alimentação. Se temos uma rotina de sentar no sofá ou comprar um chocolate toda vez que passamos na porta da padaria ou lanchonete, esses padrões continuam em nossa cabeça. Os pesquisadores descobriram que uma deixa pode ser qualquer coisa, um estímulo visual, como um doce, comercial, um lugar, uma hora do dia, uma emoção, uma sequência de pensamentos, companhia de pessoas específicas. As rotinas podem ser incrivelmente complexas ou fantasticamente simples. Desde roer as unhas, fumar, ou qualquer coisa. As recompensas podem ser comida, drogas, compensações emocionais como orgulho, elogios ou autocongratulações. Uma vez que o hábito fica mais forte, o cérebro passa a antecipar o hábito. Então quando a deixa vinha, o cérebro já desencadeia a sensação da recompensa. Isso explica porque os hábitos são tão poderosos: eles criam anseios neurológicos. E para trocar um hábito? Você usa a mesma deixa, e fornece a mesma recompensa, e troca a rotina, e assim, trocar o hábito. Quase todo comportamento pode ser alterado se você mantiver a deixa e a recompensa. 



ISSN 2179-1589

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