MITO OU VERDADE: PEIXES SENTEM DOR?
Resumo
A dor, conforme definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP 1979), é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão tecidual real ou potência. Este fenômeno representa uma submodalidade da sensação somática, caracterizada por uma complexa interação de experiências sensoriais, emocionais e cognitivas desagradáveis, desencadeadas por danos teciduais reais ou potenciais, evidenciados por respostas autonômicas, psicológicas e comportamentais (Vitor et al. 2008). De acordo com ALVES et al.(2017), a dor é descrita como a capacidade de experimentar sensações e emoções desagradáveis, relacionadas a lesões reais ou potenciais, ou seja, é a percepção consciente do estímulo doloroso. Esse estímulo doloroso pode ter diversas origens, e sua classificação em aguda/nociceptiva, nociplástica e neuropática - subdividida em aguda ou crônica, inflamatória ou não inflamatória, somática ou visceral - auxilia na prevenção e controle da dor por meio do entendimento de sua intensidade e dos sinais clínicos associados. Em seres humanos o reconhecimento da dor depende da capacidade de comunicar os "sentimentos", sendo fortemente influenciados por experiências, já que a dor compreende aspectos sensoriais e afetivos, constituindo uma experiência consciente na qual o indivíduo sabe que está sentindo dor. No entanto, devido à ausência dessa "comunicação" em animais, a avaliação da dor é desafiadora e frequentemente se baseia em definições usadas para humanos (Chandroo et al. 200). E como nos peixes, o telencéfalo é menos complexo, levou muitos a concluir que eles não podem sentir dor, medo ou estresse. SEGNER (2012) acredita que quando falamos de dor em peixes, lidamos com uma forma qualitativamente diferente de experiência, provavelmente mais primitiva e simples. Assim, este trabalho tem como objetivo contribuir com a desmistificação de que peixes não sentem dor. Atualmente, já existem evidências de que os peixes podem experimentar estresse e apresentar respostas comportamentais e neuroendócrinas para lidar com ele.
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