REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 8 (2023)

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Resenha Crítica: Saber cuidadar uma reflexão para a enfermagem moderna.

Thiago Frederico Diniz, Adriana Adriana Michele

Resumo


O autor Leonardo Boff propõe a nós leitores um novo significado para a palavra cuidado, nos fazendo refletir sobre o seu verdadeiro significado. Para viver e existir, tudo necessita de cuidado, de atenção, de carinho, de um olhar preocupado. Tudo que é vivo, necessariamente precisa ser cuidado. Portanto, o cuidado é fundamental para que tudo esteja em ordem.


Boff nos faz refletir também que para abandonarmos esse estilo de vida descuidado, cheio de preocupações e correrias, é necessário utilizar um novo conceito de ética, que engloba o cuidado e está diretamente relacionado com o ser humano enquanto ator do universo, ou seja, está no ser humano o instinto de cuidado. Sem o cuidado, o humano não é completo, é incompreendido, pois faz parte de sua essência ser zeloso com tudo aquilo que o cerca. Também onde não há cuidado, as coisas se desfazem, acabam se perdendo pelo descuido.


O objetivo central do artigo está na reflexão sobre a contribuição literária de Leonardo Boff para a compreensão do cuidado na enfermagem. Os autores entendem a necessidade de a enfermagem manter atualizada a reflexão e a busca pelos valores e ideais da profissão; visto que a enfermagem tem um papel preponderante no reconhecimento do homem enquanto pessoa, ao poder proporcionar-lhe assistência humanizada e individualizada, embora a literatura aponte que os enfermeiros de que atuam diretamente com os pacientes têm compreensões de cuidado nitidamente marcada pela produção, ao invés de perspectivas mais ampliadas e integrativas. Gomes e col. definem o cuidado a partir da perspectiva de Heidegger: O cuidado é um estado primordial e constitutivo do ser, dando sentido ao ser-no-mundo, ao mesmo tempo que se configura como um modo existencial de ser no mundo com o outro. Desse modo, os autores entendem que o enfermeiro deve primeiro se auto(re)conhecer na condição de ser-no-mundo antes de travar contato com a individualidade alheia e reconhecer-se como ser-com-o-outro. Gomes e col. fazem uma analogia entre a perspectiva de Heidegger e de Boff no contexto da enfermagem e apontam que o cuidado ocorre numa via de mão dupla entre dois atores sociais, o enfermeiro – detentor do saber – e o paciente – receptor da atenção, reforçando o cuidado como intrínseco à enfermagem e fundamental à relação profissional-cliente.

Há um grande desafio em aliar trabalho e cuidado; já que por causa do trabalho, atributos como criatividade, ternura e espiritualidade, assim como o próprio cuidado ficaram prejudicados. Daí a necessidade de pautar o cuidado como um compromisso de um cuidado holístico, com a ética, o respeito e a valorização da vida humana, especialmente ao se tratar do paciente crítico, pela qual demanda mais intensidade de cuidados, sensibilidade e compreensão por se englobar os cuidados paliativos.

Por mais que a enfermagem tenha um papel essencial e relevante no cuidado, a reflexão e a discussão dos conceitos de Leonardo Boff sobre cuidar e cuidado, certamente, podem ser aplicadas a qualquer profissional de saúde, cuja missão, de antemão, é (ou deveria ser) o cuidado.




ISSN 2179-1589

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