REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – UNIVERSO BELO HORIZONTE, Vol. 1, No 7 (2022)

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RESENHA: Uso da toxina botulínica tipo A para o tratamento do bruxismo

Mariana Vitória Marques Barbosa, Larissa Corradi Dias, Eryksson Souza Souza, Flávia Leite Lima, Isabela Brandão Magalhães

Resumo


O bruxismo tem como característica atividade muscular mastigatória parafuncional. Caracterizado pelo ranger e/ou compressão excessiva dos dentes, de maneira involuntária e inconsciente. Os episódios podem ocorrer durante o sono ou em vigília do indivíduo. Embora seja bastante recorrente no cotidiano do cirurgião dentista, o bruxismo pode ser um desafio para o profissional. Estudos mostram que cerca de 90% das pessoas relatam apresentar bruxismo em algum período da vida, sendo 20% a 25% em crianças,  5% a 8% em adultos e 3% nos idosos. Não é apresentado diferença de incidência entre os sexos femininos e masculinos. Um dos principais desafios do tratamento do bruxismo está relacionado a dificuldade do diagnóstico da etiologia da doença.  Ele pode está associado a fatores emocionais como ansiedade, depressão, estresse, tipos de personalidade, deficiências nutricionais, má oclusão dentária, uso de drogas com ação neuroquímicas, fatores genéticos entre outras causas.  Caso não tratado, o bruxismo pode provocar um aumento nos desgastes dental e disfunções temporomandibular, ou em casos mais graves artrite degenerativa desta articulação. Estudos recentes relatam que o bruxismo é causado devido ao alto nível de atividade motora na musculatura mandibular, considerando que a  toxina Botulínica tipo A (TxB-A) inibe a liberação exocitotica da acetilcolina nos terminais nervosos  causando a diminuição da contração muscular a TxB-A tem se apresentado como uma boa opção de tratamento para o paciente diagnosticado com bruxismo.

 Lee e seus colaboradores realizaram um estudo com 12 pacientes diagnosticado com a doença, destes, 6  tiveram 80 UI de toxina abobotulínica A (Dysport®) aplicado em três pontos do músculo masseter de ambos os lados, e os outros 6 pacientes receberam a mesma aplicação, porém de uma solução salina. Após 4, 8 e 12 semanas da aplicação os pacientes passaram por testes de eletromiografia sendo constatado que os participantes que obtiveram aplicação da TxB-A apresentaram diminuição da atividade eletromiográfica do músculo masseter e melhora clínica dos sintomas. Os teste aplicados constatou que estes pacientes apresentaram  significativamente menos episódios da doença quando comparados com os paciente que receberam apenas o placebo.

Podemos analisar também o estudo realizado por Guarda-Nardini e colaboradores, aonde  foi selecionado 20 pacientes diagnosticado com bruxismo e dor miofacial nos músculos mastigatórios. Os pacientes classificaram a dor que sentiam em repouso de 0-10 conforme a escala análoga visual. Foi injetado 30UI de toxina onabotulínica tipo A (BOTOX®, Allergan) no músculo masseter de ambos os lados e 20 UI em dois pontos no ventre anterior dos músculos temporais em 10 pacientes, enquanto nos demais foi aplicado solução salina. Após seis meses de acompanhamento, os pacientes que fizeram uso TxB-A apresentaram melhoras na escala de dor significativamente maiores do que os pacientes que usaram o placebo. 

Os dois estudo relatados demonstraram a eficácia da aplicação da TxB-A no músculo masseter para  o tratamento do bruxismo. Pesquisas apontam que as placas intraorais são igualmente eficazes para o tratamento, porém a aplicação da TxB-A pode se apresentar mais efetiva, pois não depende da colaboração do paciente para o sucesso do tratamento.

O resultado da TxB-A no tratamento do bruxismo está diretamente relacionado ao local da aplicação e a dose injetada, é possível observar seus efeitos entre 7 e 14 dias após a aplicação e seus efeitos tem duração de até 6 meses sendo a média entre 3 e 4 meses. O tratamento pode não apresentar resultados satisfatórios caso o paciente tenha resistência a TxB-A, ou caso o profissional responsável pela aplicação faça uso inadequado da técnica ou realize o armazenamento incorreto do produto, todos esses fatores podem prejudicam no resultado final. Os efeitos adversos do uso da toxina botulínica são considerados irrelevantes. Levando em considerações os estudo relacionado ao tema,  o uso da toxina botulínica tipo a pode apresenta-se como um possível tratamento  para pacientes diagnosticado com bruxismo.

 

 


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ISSN 2179-1589

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