REVISTA ACADÊMICA UNIVERSO SALVADOR, Vol. 2, No 4 (2016)

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ALTERAÇÕES CLÍNICAS ASSOCIADAS AO HTLV E MANIFESTAÇÕES BUCAIS

Victor José Carvalho, Magda Helena Dantas

Resumo


Embora a maioria dos portadores do HTLV permaneça assintomática, alguns indivíduos poderão desenvolver ao longo da vida alguma manifestação associada a este patógeno. As patologias mais estudadas são as neurológicas e hematológicas, no entanto à medida que os estudos progridem torna-se evidente a participação do vírus em outras doenças (MANNS et al., 1999; PROIETTI et al., 2005). Entretanto, nenhuma das manifestações relacionadas ao HTLV foi, até o momento, associada às distribuições geográficas dos diversos subtipos virais (URETA-VIDAL et al., 1994). Atualmente, sabe-se que o HTLV-1 está comprovadamente associado às seguintes patologias: a TSP/HAM (GESSAIN et al.,1985; OSAME et al.,1985), ATL (POIESZ et al., 1980) e a uveíte associada ao HTLV (HAU) (MOCHIZUKI et al., 1996). A TSP/HAM é uma patologia de curso indefinido, caracterizada por dores lombares, parestesias, fraqueza em membros inferiores, seguida por espasticidade, dificuldade e incapacidade para deambular (OSAME et al., 1985; CASSEB & PENALVA-DE-OLIVEIRA, 2000). A ATL é uma doença linfoproliferativa que normalmente apresenta quatro formas clínicas: indolente, crônica, linfomatosa e aguda, sendo esta última caracterizada por ser a mais freqüente e mais agressiva (BORDUCCHI et al., 1999). As manifestações relacionadas à ATL normalmente caracterizam-se por: linfadenopatia, hepatomegalia, esplenomegalia, lesões cutâneas, hipercalcemia e lesões ósseas. Entretanto, manifestações bucais, apesar de serem raras, têm sido registradas na literatura (ALBUQUERQUE et al., 2005). Os pacientes com ATL, principalmente aqueles que se submetem a tratamento quimioterápico, normalmente apresentam quadro de imunossupressão estando mais propícios a desenvolver infecções oportunistas em diversas partes do corpo, incluindo a cavidade bucal (SILVA et al., 2002). Outros estudos mostram diversas doenças que podem estar relacionadas a este patógeno, dentre as quais: artrite reumatóide, polimiosite, fibromialgia (revisado por CRUZ et al., 2005), osteopenia (SCHACHTER et al., 2003), dermatite infectiva (LA GRENADE et al., 1998) e SS (NAKAMURA et al., 2000). É importante frisar que algumas das manifestações reumáticas associadas a este vírus têm um caráter auto-imune e para entender melhor as condições clínicas dessas patologias associadas a infecções pelo HTLV-1, deve-se compreender a patogênese destas doenças, embora muitos fatores ainda precisam ser melhor caracterizados (CRUZ et al., 2005). Destas patologias, a SS é uma desordem auto-imune, que acomete normalmente as glândulas exócrinas; particularmente as glândulas salivares e lacrimais (CRUZ et al., 2005). O acúmulo e expressão de HTLV-1 em glândulas salivares já foi descrito em pacientes com SS no Japão e Martinica (OHYAMA et al., 1998; TANGY et al., 1999). Quando o indivíduo é acometido apenas nas glândulas salivares e lacrimais, o mesmo poderá desenvolver um quadro clínico de hipossalivação e ceratoconjuntivite seca, levando assim a um prejuízo estrutural e disfunção secretória desses órgãos, sendo nesse caso a SS classificada como: primária; entretanto outras doenças do tecido conjuntivo como: o lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide e esclerose sistêmica podem estar associadas, sendo a SS classificada então como: secundária (FREITAS et al., 2004).

 

Palavras chaves: HTLV-1, manifestações bucais, síndrome de Sjogren




ISSN 2179-1589

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