Os vírus linfotrópicos de células T humanas tipo 1 e 2 (HTLV-1 e HTLV-2) são retrovírus que foram identificados no início dos anos 80 (POIEZ et al.,1980; KALYANARAMAN et al.,  1982). Mais recentemente, em 2005, foram descobertos dois novos tipos: os HTLV-3 e HTLV-4, em populações da África Central (CALATTINI et al., 2005; WOLFE et al.,2005). O HTLV-1 é o mais pesquisado devido à alta prevalência mundial em relação aos demais tipos (ressaltando-se sua alta prevalência em Salvador/Bahia se comparado aos demais estados). Destaca-se também o fato de o HTLV-1 estar comprovadamente implicado com diversas patologias, dentre elas: a paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV (TSP/HAM), leucemia de células T do adulto (ATL) e uveítes associadas ao HTLV-1 (YOSHIDA, MIYOSHI e HINUMA, 1982; GESSAIN et al., 1985;  MOCHIZUKI et al., 1996). Sabe-se que a infecção causada pelo HTLV-1 pode levar a um quadro de imunodepressão nos portadores, predispondo-os a infecções por microrganismos oportunistas (MARSH, 1996; MASCARENHAS et al., 2006; GRASSI, MASCARENHAS e GALVÃO-CASTRO, 2009). A literatura também mostra que de alguma forma a associação vírus versus fatores genéticos do hospedeiro poderia desencadear exacerbação do processo inflamatório e levar a quadros auto-imunes (CRUZ et al.,  2005). Outras manifestações como a Síndrome de Sjögren (SS) podem estar relacionadas à presença deste patógeno, acarretando uma série de conseqüências à saúde bucal do indivíduo devido à diminuição do fluxo salivar (NAKAMURA et al., 1997; FOX et al., 2000). Uma das manifestações clínicas mais comuns da SS é a hipossalivação e por conta desta alteração é freqüente o relato de sensação de boca seca. A hipossalivação torna o indivíduo mais susceptível a uma maior atividade cariogênica, doença periodontal e candidíase, visto que a saliva tem um importante papel na auto-limpeza da cavidade bucal. Além disto, alguns componentes que estão presentes na saliva, como: lactoferrina, lisozima, imunoglobulina A, histidina e lactoperoxidases atuam como importantes agentes antimicrobianos (FREITAS et al., 2004). Embora os relatos de SS em pacientes infectados pelo HTLV-1, sejam controversos, existem evidências de associação da infecção causada pelo HTLV-1 e a síndrome seca, com hipossalivação e olho seco (GIOZZA et al., 2006; FERRAZ-CHAOUI et al., 2009; RATHSAM-PINHEIRO et al., 2009). Portanto, a alta prevalência do HTLV em Salvador, a sua associação com patologias diversas, incluindo a síndrome de Sjogren, bem como o número reduzido de estudos na literatura acerca do tema, mostra a necessidade de a comunidade científica estar cada vez mais voltada para este patógeno.

Palavras chaves: HTLV-1, manifestações clínicas, epidemiologia