O presente trabalho teve como objetivo estudar a violência contra a criança e o adolescente e suas possíveis consequências. A violência nas fases iniciais da vida pode deixar marcas, físicas ou psicológicas, muitas vezes devastadoras para a vítima, pois podem causar inúmeros traumas que o acompanharão para sempre. Infelizmente, é dentro do seio familiar e junto àqueles que mais deveriam proteger, onde isso muito acontece. Com base nas inúmeras violações de direitos acometidas contra a juventude, observa-se que não é por falta de leis que este tipo de crime vem aumentando, e sim por falta de políticas públicas que façam se cumprir o que está preconizado tanto na Constituição Federal quanto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que é um importante instrumento para que a sociedade e estado possam, juntos, reconhecendo a fragilidade desses indivíduos, encontrar formas de superar essa violência que pode prejudicar o crescimento e comportamento desses jovens. As consequências que tal agressão pode provocar a curto e longo prazo na vida das jovens vítimas podem variar de acordo com a subjetividade e situação emocional de cada um. As de curto prazo mais comuns são: físicas (pesadelos e problemas com o sono, mudanças de hábitos alimentares), comportamentais (consumo de drogas lícitas ou ilícitas, condutas suicidas, hiperatividade), emocionais (medo, depressão, baixa autoestima), sexuais (sexualidade precoce, problemas de identidade sexual) e sociais (déficit em habilidades sociais, comportamentos antissociais). A de longo prazo mais frequentes são: físicas (dores crônicas, distúrbios do sono e alimentar), comportamentais (tentativa de suicídio, uso de drogas lícitas ou ilícitas, transtorno de identidade), emocionais (depressão, ansiedade, baixa autoestima), sexuais (fobias sexuais, disfunções, alterações da motivação sexual) e sociais (problemas nas relações interpessoais, dificuldades de vínculo afetivo com os filhos). O estudo também apontou para a importância do Disque 100, que é um serviço de denúncias e proteção contra violações de direitos humanos. Através dele, os órgãos competentes têm ampliado sua área de atuação, atendendo especialmente as populações consideradas de alta vulnerabilidade, dentre elas as crianças e adolescentes. Para complementar o estudo realizado, foi feita uma visita a instituição Lar Pérolas de Cristo, em Salvador, que acolhe crianças e adolescentes em situação de risco. Nos acompanhamentos terapêuticos, a equipe técnica trabalha no viés da redução de danos, no resgate e reforço dos vínculos familiares muitas vezes rompidos, na elevação da autoestima e mostrando que a vítima hoje não deve ser o agressor de amanhã. Em situações de violência onde a criança e o adolescente forem vitimados, a rede de defesa e garantia de direitos é composta pelo Conselho Tutelar, Vara da Infância e da Juventude, Ministério Público e DERCCA, que detectam risco iminente a essa vítima, podem solicitar o afastamento da mesma do convívio familiar e ou comunitário, sendo encaminhadas para unidade de acolhimento institucional, sob medida protetiva. Ressalta-se a importância de estudos como este para aprofundar a discussão e compreensão sobre um tema tao atual e presente na nossa sociedade.