REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS – CENTRO UNIVERSO JUIZ DE FORA, No 17 (2023)

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ESTABILIZAÇÃO CERVICAL COM PLACA E PARAFUSOS EM TITÂNIO, EM CÃO ACOMETIDO COM INSTABILIDADE ATLANTOAXIAL - RELATO DE CASO

Henrique Louro Ad'Vincula Miranda, Ana Claudia Goulart De Oliveira Malta, Matheus Canedo De Almeida, Ricardo Palhares Zschaber De Araújo, Adriana Rocha Zatorre Medeiros, Patrícia Sartori, Brunna Silva Moreira

Resumo


Introdução: A instabilidade atlantoaxial (IAA) é uma afecção neurológica resultante da mal formação congênita, laceração, afrouxamento ou estiramento do ligamento atlantal transverso ou por lesão traumática (MEIRELES, 2015). Observa-se com frequência em cães de raças de pequeno porte, ocasionalmente relatada em raças grandes e raramente em gatos, os sinais clínicos comumente surgem antes do primeiro ano de vida (DEWEY; COSTA, 2017). Essa afecção é uma alteração do dente do áxis e/ou dos ligamentos que cobrem a articulação atlantoaxial, responsável pela rotação da cabeça, que espacialmente é multifacetada e diartrodial, pode sofrer instabilidade, luxação da vertebra, compressão da medula espinhal e de raízes nervosas como consequência (FESTNER, 2013). Também conhecida como subluxação atlantoaxial e luxação atlantoaxial. Objetivos: O presente trabalho objetiva-se relatar a metodologia utilizada no tratamento de um cão da raça Pinscher acometido com IAA. Metodologia: Foi atendido um cão da raça Pinscher Miniatura, com 1,6 kg, sete anos de idade, histórico de cervicalgia aguda e incapacitante. Ao exame físico destacava-se o quadro de tetraparesia não deambulatória, não responsiva ao tratamento conservador, através de analgesia, anti-inflamatórios e imobilização cervical. No exame tomográfico apresentou deslocamento dorsal e cranial de C2 em relação à C1, com moderada compressão de tronco cerebral, caracterizando um quadro de luxação atlantoaxial, mediante alteração conformacional occipital. Sob anestesia geral, o paciente foi encaminhado para a cirurgia que consistiu na distração e estabilização cervical com placa e parafusos em titânio. Resultados e Discussão: O procedimento cirúrgico e anestésico ocorreu sem intercorrências. Com 48 horas de pós-operatório apresentou melhora clínica, analgesia e avanço satisfatório da resposta motora. Animais com anormalidades congênitas geralmente desenvolvem sinais clínicos nos primeiros 12 meses de vida (ZANI et al, 2015). Ocasionalmente um cão com anormalidade atlantoaxial congênita apresenta normalidade até que ocorra traumatismo, quando sinais clínicos podem surgir (FESTNER, 2013). Técnicas cirúrgicas para a estabilização da articulação atlantoaxial buscam redução da subluxação permitindo sua fixação, na tentativa de fusão do atlas com áxis, promovendo descompressão medular, minimizando sinais neurológicos e dor (LESSA, 2018). Pacientes miniatura apresentam maior risco de óbito no procedimento cirúrgico, devido ao risco de trauma medular agudo e lesões no córtex cerebral, pelo manejo do paciente, manuseio dos implantes cirúrgicos, devido às dimensões do sitio cirúrgico, podendo haver invasão do canal vertebral com possíveis lesões medulares, ou ainda no manejo pós cirúrgico (ZANI et al, 2015). Há também risco de paralisia laríngea devido à retração e trauma do nervo laríngeo, recorrente em técnicas ventrais, compressão da traqueia pelo implante ou tração transcirúrgica prolongada (DE MACEDO FILHO, 2020). Falhas precoces dos implantes, com perda da estabilidade atlantoaxial antes da fusão, podem levar à incoordenação junto a déficits vestibulares, também associadas com a compressão da artéria basilar causada pelo processo odontóide, que restringe o fluxo sanguíneo nessas regiões (ZANI et al, 2015). Para evitar intercorrências e lesões nesse processo, preza-se pelo acompanhamento com radiografias e tomografias computadorizadas (ZANI et al, 2015; LESSA, 2018). Conclusão: O tratamento proposto demonstrou-se eficaz, capaz de gerar resolução do quadro clínico e qualidade de vida ao paciente.

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ISSN 2179-1589

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